Estratégias Omnichannel para Indústrias: Guia Completo
- Wady Issa Fernandes
- 30 de out.
- 7 min de leitura

🌐 A transformação da jornada industrial: da fábrica ao cliente digital
Durante décadas, o canal de venda da indústria dependia fortemente de distribuidores, revendas, representantes comerciais e feiras. O foco era o “trade off-line”. Mas, com a evolução do mercado, transformação digital e a mudança de comportamento da compra B2B, esse cenário está mudando aceleradamente.
Hoje, o comprador industrial procura online, compara especificações, avalia fornecedores no smartphone, interage via chat ou WhatsApp, considera e-commerce ou portal B2B da própria marca — e muitas vezes espera poder comprar direto do fabricante ou com poucas etapas intermediárias. Essa nova realidade exige uma abordagem chamada omnichannel — ou seja: integrar todos os canais digitais e físicos da empresa de forma fluida e conectada, para que o cliente possa transitar entre eles sem “buracos” na experiência.
Segundo pesquisa da McKinsey & Company, o cliente B2B utiliza até 20 canais diferentes durante a jornada de compra — busca, catálogos, chat, telefone, e-mail, visita presencial, etc. McKinsey & Company
Além disso, um estudo divulgado no Brasil mostrou que empresas B2B que investiram em omnichannel obtiveram +10% de participação de mercado em relação às que não adotaram. O Globo
Logo, para marcas industriais — especialmente aquelas que desejam evoluir para D2C ou canal direto, ou mesmo fortalecer presença digital — dominar omnichannel não é opcional: é estratégico.
1. O que é Omnichannel e por que isso vale para indústria
Definição ampliada
Omnichannel significa que todos os pontos de contato do cliente — site, e-commerce, marketplace, redes sociais, chat, WhatsApp, representante, loja física, feiras — trabalham em sinergia, com dados compartilhados, mensagens consistentes e histórico unificado. No contexto industrial, isso se traduz em:
Catálogo técnico digital + portal cliente + equipe comercial + logística integrada.
Capacidade de o cliente iniciar em um canal (site), passar para outro (WhatsApp) e concluir em outro (portal B2B ou representante) sem repetir informações.
Dados da jornada do cliente fluindo entre departamentos (marketing, vendas, pós-venda) para gerar insights, nutrição e retenção.
Por que indústrias devem se importar
A jornada de compra industrial tornou-se mais digital e menos linear. Segundo a McKinsey, os compradores B2B querem self-service nos estágios iniciais (59 %) e interação humana nos estágios finais (60 %). McKinsey & Company
A expectativa dos compradores de indústria se aproxima da que têm como consumidor – eles esperam que a experiência B2B seja tão fluida quanto a experiência B2C. McKinsey & Company
Se a empresa deixar “buracos” (ex: site sem informações, chat que não responde, venda presencial que não integra dados digitais), o comprador pode abandonar ou migrar para concorrente mais “digitalizada”.
Dados de impacto
Conforme citado, +10% de participação de mercado para empresas que adotaram omnichannel no B2B. Jornal Montes Claros
Além disso, publicação de tendências mostra que empresas B2B que implementam omnichannel apresentam crescimento de EBIT de 13,5%, comparado a 1,8% em empresas menos digitais. CNDL
Esses números revelam que omnichannel não é “modismo”, é diferencial competitivo.
2. Mapeando a jornada industrial e identificando os canais-chave
Como mapear corretamente
Comece com um workshop entre marketing, vendas e pós-venda para desenhar a jornada típica do cliente: desde a pesquisa inicial até a recompra/serviço pós-venda.
Liste todos os canais que o cliente pode usar em cada etapa: site, telefone, WhatsApp, visita, e-mail, e-commerce, portal de produtos, marketplace, evento, chat.
Identifique pontos de atrito: onde o cliente repete informações? Onde troca de canal gera perda de dados? Onde o atendimento é inconsistente?
Identificando os canais mais relevantes
Para indústrias, alguns canais costumam ser mais críticos:
Site institucional + catálogo técnico (busca e primeira interação).
Portal ou e-commerce B2B: permite compras diretas ou requisições, histórico de pedidos e preços personalizados.
WhatsApp ou chat com equipe técnica/comercial: alta preferência no Brasil para consulta rápida.
Marketplace ou canal de distribuidores online: integraindo o fabricante direto com o cliente final ou revendedor.
Feiras, visitas técnicas e representantes: canais offline ainda têm impacto, mas devem estar integrados aos digitais.
Exemplo prático no Brasil
Em pesquisa da McKinsey, na América Latina foi constatado que 37% dos compradores utilizam mais de dez canais durante a jornada. McKinsey & Company
Isso mostra a complexidade da jornada industrial e a necessidade de integração de múltiplos canais.
3. Construindo a infraestrutura tecnológica e operacional
Uma estratégia omnichannel bem-sucedida exige capacidade de execução técnica e maturidade operacional.
Tecnologia necessária
CRM central: como HubSpot ou Salesforce, para unificar dados de leads, prospectos, comportamento online, histórico de pedidos.
E-commerce B2B ou portal cliente: com preços personalizados, catálogo técnico, histórico de compras.
Integração de chat/WhatsApp com atendimento técnico: histórico único, resposta rápida.
Marketplace + API de integração: permitir que o canal online do fabricante funcione com distribuidores ou revendas.
Ferramentas de automação de marketing: nutrição de leads em múltiplos canais (e-mail, SMS, push, WhatsApp).
Análise de dados e dashboards: para monitorar performance dos canais, identificar gargalos e tomar decisões.
Operacionalização
Treinar equipe para usar os mesmos dados e ter visão integrada do cliente (marketing, vendas, atendimento).
Definir processos claros de transição entre canais: por exemplo, cliente visita site → solicita orçamento via chat → comercial recebe lead com histórico digital → visita técnica agendada.
Garantir consistência de marca e mensagem em todos os canais: linguagem técnica, preços, políticas, POS.
Estabelecer SLAs de resposta em canais digitais: chat, WhatsApp, e-mail.
Monitorar e otimizar continuamente: uso de mapas de calor, taxas de conversão por canal, NPS, feedback de cliente.
Exemplo de sucesso operacional
Embora o foco seja indústria, estudo de caso de atacadista brasileiro mostra que a migração de multicanal para omnichannel trouxe melhorias significativas em logística, usabilidade e atendimento. Esse tipo de estudo serve de base para setores industriais adaptarem processo similar periodicos.unichristus.edu.br
4. Criando comunicação e conteúdo que unifica canais
No omnichannel, o conteúdo e a comunicação não podem ser tratados de forma isolada para cada canal — precisam ser coesas e integradas.
Mensagem unificada
O site técnico, e-commerce, chat e representantes devem falar a mesma língua técnica, usar os mesmos termos (ex: especificações, aplicações industriais, certificações).
Os canais digitais devem alimentar os canais offline e vice-versa: e-mail que reforça visita técnica; app que direciona para peças via portal; representante que acessa histórico digital.
Conteúdo adaptado por canal
Conteúdo digital de topo de funil: blog técnico, vídeos curtos, FAQs, webinars.
Conteúdo no meio/fundo: demonstrações, comparativos, catálogos, orçamentos personalizados.
Conteúdo offline: visita à fábrica, showroom, evento técnico — mas com registro digital do cliente e seguimento via digital.
Exemplo de aplicação
Na pesquisa da McKinsey, ela destaca que no B2B o cliente alterna entre canais digitais e tradicionais: “self-service” no início, contato humano no fim. McKinsey & Company
Isso demanda que o conteúdo digital ajude o cliente a avançar sozinho no início — e depois prepare caminho para a interação com representante ou técnico.
5. Medindo, analisando e otimizando a operação omnichannel
Para que a estratégia não fique no papel, é necessário medir e otimizar constantemente.
Métricas importantes
Conversão por canal (site → e-commerce → pedido).
Taxa de abandono cruzando canal (ex: cliente começa no site, vai para chat, não volta).
Tempo de resposta em canais digitais.
Ciclo de vendas (quanto tempo leva desde a primeira interação digital até o pedido).
Valor médio por cliente em canais omnichannel versus canais isolados.
Retenção e recompra em clientes que utilizam múltiplos canais.
Ferramentas e técnicas
Dashboards em Power BI ou Looker conectados a CRM, e-commerce e sistemas de atendimento.
Mapas de calor (Hotjar, Microsoft Clarity) para analisar usabilidade do site e transição entre canais.
Testes A/B em botões, mensagens e integrações de canal.
Feedback direto de clientes via NPS ou pesquisas pós-venda identificando “qual canal você usou primeiro”.
Exemplo de medição real
No Brasil, reportagem aponta que empresas B2B que adotam omnichannel conseguiram +10% de participação de mercado. Terra
E estudo mais técnico da McKinsey mostra que 50% dos clientes B2B estão frustrados com usabilidade online ou falta de informação. McKinsey & Company
Esses dados reforçam que medir e melhorar experiência entre canais impacta resultados reais.
6. Principais desafios das estratégias omnichannel para indústrias e como superá-los
Desafios comuns
Sistemas não integrados (ERP, CRM, e-commerce, atendimento) → silos de dados.
Resistência cultural da equipe de vendas ou representantes que não usam dados digitais.
Falta de conhecimento técnico para digitalização do canal (especialmente em indústria tradicional).
Alta complexidade de catálogo técnico, customização e setor industrial que dificulta automação completa.
Expectativa de cliente digital versus realidade operacional (estoque, entrega, suporte técnico).
Como superar
Comece pequeno: selecione algumas contas-alvo ou linha de produto para testar integração omnichannel antes de expandir.
Estabeleça uma “governança de dados” — um comitê que garante que todos os sistemas se comuniquem.
Invista em treinamento da equipe de vendas, atendimento e marketing para uso da nova estrutura.
Use parceiros ou soluções plug-and-play para e-commerce B2B e chat/WhatsApp integrados.
Monitore feedback e ajuste continuamente — use os dados para provar valor e conseguir mais investimento.
Exemplo nacional de desafio e superação
No estudo “A mudança de multicanal para omnichannel em uma empresa atacadista brasileira” foi documentado que a empresa precisou redesign de logística, integração dos canais de atendimento e treinamento da equipe para que a transição fosse bem-sucedida.
Esse tipo de case mostra que mesmo fora da indústria pura, os aprendizados são aplicáveis. periodicos.unichristus.edu.br
7. Conclusão
As estratégias omnichannel para indústrias são uma transformação profunda — não apenas de canais, mas de processos, tecnologia e cultura. Empresas que já estão mais maduras digitalmente e adotaram essa abordagem estão colhendo resultados reais: crescimento de participação de mercado, ciclo de vendas reduzido, melhor usabilidade, maior fidelização e eficiência operacional.
Se você representa uma indústria — ou trabalha nela:
Integre seus sistemas, unifique dados e treine sua equipe.
Crie comunicação coesa e conteúdo adaptado para cada canal, mas com mensagem única.
Medir, analisar e otimizar é contínuo — não “projeto fechado”.
Encare a omnicanalidade como uma nova forma de vender e de se relacionar — e prepare sua empresa para o cliente industrial do futuro.
📚 Leituras recomendadas
McKinsey & Company – A importância e os desafios do “omnichannel” nas vendas B2B (LatAm) McKinsey & Company
Pesquisa brasileira – Omnichannel impulsiona empresas B2B em 10% Zipix
Estudo de caso nacional – A mudança de multicanal para omnichannel em uma empresa atacadista periodicos.unichristus.edu.br
Artigo – Estratégias omnichannel impulsionam crescimento nas vendas B2B CNDL
Pesquisa acadêmica – Estratégia omnichannel e a experiência do usuário (usuários LinkedIn) revistas.ufpr.br





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