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Termolar (Indústria Brasileira de Térmicos): como transformar uso real em recorrência direta no D2C

  • Foto do escritor: Wady Issa Fernandes
    Wady Issa Fernandes
  • 22 de nov.
  • 10 min de leitura

Atualizado: 23 de nov.

Agência Cresco — especialista em D2C industrial brasileiro


Termolar (Indústria Brasileira de Térmicos)
Termolar (Indústria Brasileira de Térmicos)

A Termolar é um daqueles raros casos em que a marca faz parte do dia a dia das pessoas antes mesmo de qualquer estratégia de marketing. Garrafa térmica na obra. No escritório. Na expedição. No churrasco. No sítio. É a típica indústria brasileira que cresceu produzindo algo extremamente funcional — e por isso mesmo, tornou-se invisível. Invisível não por falta de força, mas por excesso de presença: quando o produto é tão útil que está em todo lugar, a marca deixa de ser percebida como experiência e vira apenas… rotina.


E é justamente aí que mora o potencial para o D2C industrial.


Quando uma marca já tem “penetração de hábito”, a pergunta não é “como conquistar atenção”, e sim “como transformar utilidade em valor percebido?”. Foi assim com diversas marcas que nasceram na operação, dominaram distribuição, construíram reputação técnica — e, quando o digital mudou o jogo, perceberam que eficiência não basta para capturar margem. A Termolar está nesse ponto exato: a operação funciona, o produto é sólido, a marca é tradicional. O próximo salto não é de fábrica, é de narrativa.


O diagnóstico inicial mostra três forças claras:


1) Produto com alto fit emocional e funcional — bebidas quentes e frias, experiências ao ar livre, cuidado pessoal, rotina de trabalho, tudo passa por “ter uma Termolar por perto”.


2) Escala industrial e histórico de qualidade comprovada — décadas de produção, distribuição sólida e conhecimento técnico acumulado.


3) Canal direto já operante — o que coloca a Termolar à frente de muitas indústrias que ainda nem começaram a testar o D2C.


E revela também três oportunidades evidentes:


a) Transformar função em experiência. Garrafa térmica é produto prático — mas no digital, praticidade só converte quando vira história, estilo de vida e promessa.


b) Criar linha hero e curadorias. O portfólio é amplo. O D2C exige foco: quem compra direto quer clareza, não prateleira infinita.


c) Estabelecer narrativa própria para justificar o canal direto. Quando a marca já vende em varejo e marketplace, o consumidor precisa entender o “porquê comprar direto da fábrica”.


Nada disso é fraqueza. É evolução natural das empresas guiadas pela operação brasileiras que já dominam a eficiência e agora precisam dominar o significado. A Termolar tem o que poucas têm: produto enraizado na rotina. O D2C só precisa transformar esse hábito cotidiano em valor, diferenciação e margem.


Por que importa para o D2C nacional?


O setor de utilidades térmicas no Brasil é um daqueles mercados em que qualidade de produto sustenta décadas de liderança, mas raramente gera captura direta — um dilema clássico para empresas Operation Driven. Termolar é exatamente esse tipo de caso. A empresa domina aquilo que sempre definiu esse segmento: tecnologia térmica, robustez, durabilidade e confiabilidade. O produto funciona, resiste, acompanha famílias há gerações. E justamente por isso ela é um dos melhores exemplos para explicar a virada estratégica do bloco.


O valor da Termolar sempre esteve no produto — mas o jogo do D2C exige que o valor esteja também na narrativa. Isso não significa mudar quem a marca é, mas sim traduzir para o digital aquilo que sempre fez parte da identidade da empresa: engenharia térmica, eficiência industrial, resistência, história, confiança e cultura da casa brasileira. Essa transição é comum em mercados onde o produto tem força funcional muito alta: o que falta não é capacidade produtiva — é proposta.


E o setor vive um momento especial. Com o crescimento do e-commerce brasileiro — que evoluiu 18,7% em 2024 segundo dados recentes da NielsenIQ (fonte) — o consumidor passou a buscar marcas que eles conhecem, confiam e reconhecem do varejo físico. O movimento favorece fabricantes tradicionais como a Termolar, porque reduz a necessidade de convencimento. Mas, ao mesmo tempo, aumenta a importância de organizar proposta, curadoria e experiência digital.


O setor de utilidades domésticas e térmicas também vem passando por reposicionamento. Há forte demanda por produtos mais duráveis, funcionais e sustentáveis, como mostram análises do mercado de artigos para casa feita pela ABCasa/IEMI, indicando uma busca crescente por durabilidade e eficiência como critérios de compra. (fonte) Isso é exatamente onde a Termolar é forte — mas pouco explorado narrativamente.


Além disso, marcas de utilidades térmicas têm enorme potencial de crescimento quando conectam tecnologia do produto a estilo de vida e rotina real. Estudos do Sebrae apontam que marcas que transformam funcionalidade em história de uso conseguem não só vender mais caro, mas aumentar retenção e recorrência, justamente porque o produto vira parte da rotina. (fonte)


O último ponto — e talvez o mais importante — é que o D2C permite à Termolar contar um capítulo que o varejo nunca contou: o impacto da inovação térmica e da engenharia por trás do produto. Não é só vender garrafa térmica — é vender ciência do calor, performance, confiabilidade e cultura brasileira .Esse tipo de marca só cresce quando passa a gerar conteúdo próprio, histórico próprio, comunidade própria.


Por tudo isso, Termolar importa para o Atlas: Porque ela é o exemplo perfeito de que produto bom demais pode diminuir sua própria história se não virar proposta, narrativa e canal direto. E porque mostra que, no D2C industrial, eficiência de fábrica é só o começo — o que define liderança é transformar tecnologia em significado e indústria em relacionamento.


Como crescer


A Termolar tem algo raro no mercado industrial brasileiro: produto que resolve sozinho. Manter temperatura, aguentar impacto, ser fácil de transportar, durar. O problema é que, no varejo físico, o produto “fala por si”. No digital, ele precisa ser explicado. E é aqui que marcas Operation Driven crescem: quando transformam funcionalidade em narrativa e uso real em conversão direta.


O framework abaixo traduz exatamente como transformar força de produto + operação forte → captura digital de valor.


Framework Função que vira conveniência

Módulo

Objetivo

Ação

Por que isso muda o jogo

1. Hero Function

Clareza

Definir 5 produtos-herói por função (trabalho, viagem, casa, rotina, esporte)

Facilita narrativa, público e mídia. Consumidor entende “qual Termolar é para ele”.

2. Conteúdo demonstrativo

Conversão

Criar vídeos curtos que mostrem diferença real: retenção térmica, vedação, durabilidade

No digital, performance precisa ser visível. Aumenta confiança e reduz objeção.

3. Coleções de uso

Identidade

Organizar linha em coleções por contexto (Home Office, Outdoor, Mobilidade, Família)

O produto deixa de ser “garrafa” e vira “solução para um estilo de vida”.

4. Storytelling técnico

Valor percebido

Explicar construção, materiais, tecnologia, testes, sustentabilidade

Estudos mostram que valor percebido sobe quando cliente entende o “por trás”.

5. Bundles de solução

Ticket médio

Criar kits por rotina (Escola, Academia, Viagem, Trabalho)

kits inteligentes facilitam escolha e aumentam ticket. É o que falta no site hoje.

6. Conteúdo evergreen

Aquisição

Artigos e vídeos sobre uso, conservação, receitas, truques

SEO gera tráfego contínuo; é o motor orgânico do D2C.

7. Reviews e UGC

Prova social

Inserir depoimentos, fotos reais e testes comparativos

No digital, consumidores compram de quem outros clientes confiam.

8. Exclusividade no direto

Margem

Criar cores exclusivas, edições limitadas e gravação personalizada

Diferencia canal próprio e evita canibalização com varejo.

9. CRM orientado a hábitos

Retenção

Fluxos baseados no uso: água, café, treino, escritório

Produtos de rotina = oportunidade para recompra programada.

10. Operação D2C-Ready

Confiabilidade

Embalagem reforçada, política de troca simples, frete competitivo

Sem atrito = melhor conversão e ROI mais saudável.

Por que cada módulo funciona


1. Produtos-herói por função (não por formato)


O erro clássico das industriais é organizar catálogo por “tipo de produto”. No digital, ninguém acorda pensando “quero uma garrafa de 500ml”. Ele acorda pensando “preciso levar café”, “vou trabalhar no escritório”, “tenho treino às 18h”.Organizar a linha por função reduz atrito e aumenta decisão. O E-commerce Brasil reforça que clareza de escolha é um dos maiores diferenciais de conversão. Isso posiciona a Termolar como marca “que entende o dia do cliente”, não apenas fabricante de garrafas.


2. Conteúdo demonstrativo é o novo promotor de loja


No varejo físico, basta segurar a garrafa na mão. No digital, o cliente precisa ver performance. Um vídeo de 6–10 segundos mostrando retenção térmica, teste de impacto controlado, vedação real, já muda a percepção. A NielsenIQ mostrou que categorias de casa e bem-estar crescem com conteúdo demonstrativo — é o que ativa compra impulsiva informada.


3. Coleções de uso criam identidade


“Mobilidade”, “Rotina Escolar”, “Escritório”, “Outdoor”. Quando a marca organiza assim, o cliente passa a se enxergar dentro do portfólio. É o mesmo efeito que a Stanley ativou globalmente: vender estilo de vida, não só recipiente térmico. Para Termolar, é aqui que o “produto que já resolve” vira “produto que pertence a mim”.


4. Storytelling técnico transforma função em valor


Termolar tem história industrial, tecnologia própria e credibilidade. Mas pouco disso chega ao consumidor final. Explicar por que a garrafa dura, qual tecnologia de isolamento usa, quais testes realiza — tudo isso aumenta disposição a pagar e reduz briga por preço. O relatório “O que é D2C” do Sebrae Minas reforça que história técnica + clareza = mais margem.


5. Kits inteligentes de solução aumentam ticket médio


Hoje o consumidor compra “um item”. Com kits estratégico (Escola, Academia, Família, Viagem), ele passa a comprar “a solução completa”. Isso aumenta ticket médio, reduz CAC dividido por item e acelera adoção do canal direto.


6. Conteúdo âncora atemporal = tráfego perpétuo


Guia de conservação, como higienizar garrafas, como escolher volume ideal, etc. Conteúdo perene (que não expira) posiciona a Termolar como autoridade. A própria NielsenIQ comprovou que consumidores confiam mais em marcas que educam do que marcas que apenas vendem.


7. Prova social elimina a maior objeção


Produtos térmicos têm duas dúvidas-chave:


  1. “Será que mantém mesmo?”

  2. “Será que é resistente?” Fotos reais, vídeos de clientes, depoimentos e comparativos respondem essas dúvidas antes do checkout — e reduzem direto o CAC.


8. Exclusividade no direto = margem protegida


Sem diferenciação entre varejo e direto, o consumidor sempre buscará o menor preço. Edição limitada, cor exclusiva e personalização (gravação de nome) criam motivo real para comprar direto da Termolar. Isso ainda é uma avenida virgem para a marca.


9. CRM orientado a hábitos (não só promoções)


Produtos térmicos fazem parte de rotina. Se o CRM entende essa rotina — água, café, treino, trabalho — ele sugere a recompra ou upgrade no momento exato. Em vez de “promoções de garrafas”, vira:• “Seu treino mudou? Veja modelos maiores.”• “Seu escritório mudou? Temos linhas novas.”


10. Operação D2C-ready garante confiança


Frete competitivo, embalagem reforçada, troca simples, entrega rastreável. Isso reduz atrito e melhora conversão. É o passo final para transformar uma operação industrial tradicional em operação D2C madura.


Nota Cresco

Critério

Nota

1. Estratégia D2C

3

2. Fit Produto para D2C Industrial

4

3. Brand & Narrativa Proprietária

3

4. SEO / Growth Orgânico

2

5. Paid Media / CAC Efficiency

2

6. Conteúdo & Digital PR

2

7. Conversão / UX / CRO

3

8. Operação & Logística

4

9. CRM / Retenção / LTV

2

10. Arquitetura de Receita Digital

3

Nota Final: 28 / 50


Explicação das notas


  • 1) Estratégia D2C: A Termolar já possui canal direto de vendas no e-commerce, o que demonstra intenção clara de se aproximar do consumidor final. Porém, ainda falta estruturação completa da estratégia D2C: diferenciação de portfólio para o canal próprio, metas específicas e plano de crescimento digital. O modelo existe, mas ainda não opera como mecanismo principal de captura.


  • 2) Fit Produto para D2C Industrial: Produtos térmicos têm excelente aderência ao direto: são funcionais, duráveis, presentesáveis e ligam-se a ritualidade (café, rotina, viagem). A marca perde apenas um ponto pela forte competição digital e pela necessidade de diferenciação estética e tecnológica para defender margem no varejo online. Mas o fit é natural, alto e consistente.


  • 3) Brand & Narrativa Proprietária: A Termolar tem marca forte e reconhecida, com décadas de legado e qualidade industrial. O que falta é transformar esse histórico em narrativa digital voltada ao usuário final: estilo de vida, mobilidade, outdoor, cotidiano prático. A marca é sólida, mas ainda não traduz essa solidez em storytelling próprio para escalar o direto.


  • 4) SEO / Growth Orgânico: O site existe, mas o crescimento orgânico é tímido: falta conteúdo educativo, blog estruturado, clusters de busca (“melhor garrafa térmica”, “como manter bebida quente”), além de backlinks e SEO técnico forte. Para atingir notas altas, precisa transformar sua autoridade industrial em presença informativa que capture tráfego de intenção.


  • 5) Paid Media / CAC Efficiency: Não há sinais públicos de operação madura de mídia orientada para CAC (custo por aquisição). Criativos, segmentação e funis parecem mais institucionais que diretos. Para escalar, precisaria testar criativos orientados ao uso, comparar fontes de tráfego, medir CAC por SKU e trabalhar ciclos de reapresentação e remarketing.


  • 6) Conteúdo & Digital PR: A presença digital é funcional, mas ainda pouco explorada como marca de estilo de vida. Não se vê PR estruturado com influenciadores, parcerias com esportes/outdoor, narrativas de uso ou demonstrações. O setor térmico tem enorme potencial de conteúdo: “como preparar”, “como conservar”, “dicas de mobilidade”. A marca ainda usa pouco desse território.


  • 7) Conversão / UX / CRO: O e-commerce é funcional, responsivo e vende bem o básico. Porém, páginas de produto ainda podem reforçar storytelling, vídeo de uso, avaliações, comparativos, recomendações de kits e opções de upsell. Existe boa base técnica, mas falta elevar o valor percebido na jornada para aumentar conversão e ticket médio.


  • 8) Operação & Logística: Talvez o ponto mais forte da Termolar. Produção consolidada, know-how industrial e logística estável. Perde apenas um ponto porque adaptar operação B2B/B2R para D2C exige logística de unitização, embalagem reforçada, gestão de devolução e lead time otimizado — ajustes naturais, mas necessários para excelência total no direto.


  • 9) CRM / Retenção / LTV: A marca ainda não opera CRM como motor de recorrência: falta welcome flow, nutrição por estilo de vida, campanhas de uso e cuidados, curadoria mensal e pós-compra estruturado. O setor térmico tem enorme potencial para retenção, mas ainda pouco explorado — o LTV (valor vitalício do cliente) pode crescer significativamente.


  • 10) Arquitetura de Receita Digital: A Termolar já possui canal direto, o que é ótimo, mas ainda não há diferenciação clara de produto/experiência no digital: SKUs exclusivos, edições limitadas, kits estratégicos, serviços associados ou assinaturas poderiam elevar a margem do canal próprio. A arquitetura existe, mas ainda está em fase inicial.


Conclusão


A Termolar é um exemplo emblemático do que o Bloco 2 ensina: quando a operação industrial é forte, o produto tem fit natural com o cotidiano e o canal direto está aberto, falta apenas uma “virada de chave” estratégica — transformar utilitários térmicos em plataforma de estilo de vida. Com narrativa forte, conteúdo consistente e retenção estruturada, a marca pode dominar o D2C em seu segmento, reduzindo dependência de varejo e capturando margem diretamente do consumidor.


Leia o artigo base para entender a metodologia do Atlas Cresco D2C Industrial.


Leia o artigo-base do Atlas Cresco D2C Industrial para entender como avaliamos os 90 cases, quais são os critérios e como organizamos a hierarquia de análise.


Agora é com você.


Indústrias que nascem funcionais só precisam transformar rotina em captura direta. O que sua indústria pode aprender com a Termolar?

 
 
 

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